Especialista fala sobre sua experiência com os atendimentos online e dá dicas para encarar o período.
Ficar em casa o dia todo não parecia uma má ideia, até que a chegada do coronavírus provou que a obrigatoriedade do ato está longe der ser algo agradável. Nos últimos meses, o termo "isolamento social" é falado, ouvido ou lido diariamente por todos os brasileiros e, junto com as inúmeras incertezas do momento, traz cada vez mais desconforto psíquico para os cidadãos, que sentem saudade, medo, ansiedade, angústia, depressão e até mesmo uma mistura desses e de tantos outros sentimentos.
Para ajudar a lidar com essas questões durante o isolamento social, a telemedicina ganhou força. Na Doctoralia, maior plataforma de consultas online do mundo, as especialidades mais procuradas para atendimento remoto são psicologia e psiquiatria. Desde março, mais de 165 mil consultas por vídeo já foram agendadas, dessas, 80 mil foram para cuidar da saúde mental.
Para ajudar a lidar com essas questões durante o isolamento social, a telemedicina ganhou força. Na Doctoralia, maior plataforma de consultas online do mundo, as especialidades mais procuradas para atendimento remoto são psicologia e psiquiatria. Desde março, mais de 165 mil consultas por vídeo já foram agendadas, dessas, 80 mil foram para cuidar da saúde mental.
Segundo a psicóloga Bruna Murakami, membro da Doctoralia, a telemedicina é um facilitador para o paciente e para o profissional, pois permite que aqueles que já se tratavam continuem a terapia e dá a oportunidade de oferecer ajuda às pessoas que começaram a sofrer com o isolamento social. "Não há mais espaço para o estigma de que "psicólogo é coisa de maluco". Sabemos que as dificuldades emocionais podem ser muito estigmatizadas. Estar no mesmo barco favorece na busca à ajuda psicológica sem ser julgado", esclarece.
Ainda de acordo com a especialista, as queixas dos pacientes têm mudado ao longo da pandemia. "No início, eram referentes à adaptação com a nova rotina. Em seguida, o descobrimento de uma nova dinâmica, com colegas e chefes fisicamente distantes e familiares, parceiros, filhos e/ou pets fisicamente perto demais. Já os pacientes que começaram a terapia nesse momento, apresentavam demandas já pautadas em angústias e ansiedade", revela.
O prolongamento desse estado de afastamento tem trazido à tona, também, medos relacionados à perda de uma vida "normal". "Assim, as estratégias passam a ser de auxiliar os pacientes a estabelecerem novas rotinas que garantam que eles conseguirão retomar as rédeas de suas vidas aos que perderam seus empregos, por exemplo: o que podem fazer - ainda que de casa - para continuarem atraentes para o mercado ou conseguirem novos empregos? Tenho visto que, para meus pacientes, manterem-se focados em ações efetivas, que tragam a sensação de resolução, geram excelentes respostas terapêuticas à ansiedade", conta.
Consulta online e presencial tem diferença?
Atendimentos online permitiram que profissionais mantivessem a elaboração de boas estratégias para lidar com o novo cotidiano de seus pacientes e continuassem a apoiá-los na condução de suas questões.
"Nós (terapeutas) somos treinados para ter uma escuta muito afiada! Acompanhar de perto a linguagem corporal ajuda ainda mais, mas também é possível avaliá-la virtualmente. Demanda mais do psicólogo (mais foco, atenção a detalhes e agilidade), mas vemos que o mundo tem se adaptado às novas tecnologias, por que com a saúde mental seria diferente?", questiona Bruna.
O que fazer para melhorar a saúde mental?
A psicóloga Bruna Murakami, membro da Doctoralia, traz algumas das dicas que têm dado a seus pacientes para perceber e minimizar os efeitos negativos desse período atípico. Confira:
Autoavaliação dos pensamentos: perceba se seus pensamentos estão tomando um caminho de negatividade, tristeza, busca pela solidão, ou qualquer outro que você não esteja reconhecendo como seu e que esteja te deixando desconfortável. Se ele é desconfortável porque te leva a fazer algo bom para você, ótimo! Mas se ele te dificulta a vida, já acenda uma luzinha amarela (ou vermelha, se for o caso) sobre ele.
Autoavaliação dos comportamentos: identifique se você tem se comportado de maneira não-funcional para você e seus familiares (irritabilidade, agressividade, compras excessivas). Se necessário, compartilhe com alguém de sua confiança e convivência se estão percebendo o mesmo e busque ajuda. Manter-se nessa rota só vai piorar a situação se você não intervir.
Respire: use recursos como meditação, respiração guiada ou outros exercícios que ajudem a retomar o foco e a lembrar de ações que foram utilizadas no passado para superar tempos difíceis (cada um tem a sua forma e provavelmente um exemplo disso). Gosto muito da técnica da respiração 4-7-8 (inspire por 4 segundos, segure por 7 segundos e expire por 8 segundos - repetindo esse ciclo 4 vezes).
Rotina: aos que estão trabalhando, mantenham rotinas semelhantes às de seus escritórios. Levantem-se para esticar as pernas, alongar os braços e para fazer uma pausa para o café. Na falta de encontrar colegas de trabalho, conversem com os familiares que estão em casa ou aproveitem para se conectar (mesmo que por 5 minutos) com alguém que sente falta. Aos que não estão trabalhando, ainda assim mantenham alguma rotina. Acordem no mesmo horário, troquem de roupa, façam exercícios ou o que for necessário para manterem-se em movimento.
"Independente do momento, das questões e da existência de angústias específicas, os especialistas em saúde mental estão à disposição para auxiliar a todos, em prol de uma vida melhor e mais satisfatória. Não hesite em buscar ajuda. Os profissionais estão se reinventando e a telemedicina tem se mostrado tão eficaz quanto atendimentos presenciais. O mundo mudou e a saúde também", finaliza a psicóloga Bruna Murakami, membro da Doctoralia.